A depressão é um problema que envolve fatores biológicos, ambientais e psicológicos. Há uma série de elementos psicológicos que colaboram para a instalação e a permanência do transtorno depressivo. Citarei os mais relevantes.
Há pessoas que possuem maior facilidade de recuperação de uma situação difícil, sofrem e se angustiam, porém, em tempo hábil, lutam e recuperam-se. São flexíveis na forma de pensar e de lidar com a vida, sentem-se seguras no ambiente social, possuem maior facilidade de falar sobre seus problemas, e quando necessitam, buscam ajuda mais facilmente.
Por outro lado, pessoas com histórico de depressão costumam apresentar maior dificuldade em superar situações difíceis. São rígidas na forma de pensar, sentem-se inseguras nas relações sociais, manifestam dificuldade em falar sobre seus problemas, bem como, costumam ser resistentes a buscar ajuda quando necessário.
Essas características são sustentadas por uma visão negativa sobre si, sobre o mundo e sobre o futuro. Pessoas em estado depressivo enxergam os fatos com uma espécie de lente com foco ampliado para os aspectos negativos sobre:
- Si mesmo – percebem-se como inadequados ou inaptos: “Sou uma pessoa chata”, “sou desinteressante”, “sou sem graça para gostarem de mim”.
- O mundo – nas relações de trabalho e em outras atividades, por exemplo: “As pessoas não apreciam o que eu faço”.
- O futuro –“As coisas nunca irão melhorar’, “nunca vou servir para nada” ou “nunca serei feliz”.
Esse jeito peculiar de pensar torna a realidade ainda mais difícil, pois enfatiza a todo instante os aspectos negativos dos acontecimentos. Os pensamentos possuem papel importante no transtorno depressivo. De acordo com pesquisadores, pessoas em estado de depressão tendem a cometer erros de pensamentos ao interpretar os fatos, e os mais comuns são:
- Dedução arbitrária – conclusão antecipada a partir de pensamentos não evidenciados satisfatoriamente. Por exemplo, você está falando em público e ao perceber que alguém boceja, conclui que sua fala está chata e enfadonha.
- Abstração seletiva – tendência a enfocar na maioria das vezes os aspectos negativos e a desconsiderar os positivos.
- Supergeneralização – tendência a considerar que um evento ou um desempenho negativo ocorrerá outras vezes.
- Personalização – atribuição desproporcional de culpa a si mesmo por fatos ou eventos negativos.
Essas pessoas possuem normas rígidas e inflexíveis na forma de se relacionar, por exemplo: “Necessito de aprovação dos outros para ficar bem, e devo fazer de tudo para agradar aos outros”, “Se os outros não gostarem de mim, não serei feliz”.
Além disso, possuem crenças sobre si mesmas de:
- Desamparo – frente aos desafios da vida, percebem-se impotentes, frágeis, vulneráveis, carentes, desamparadas e necessitadas.
- Desamor – nas relações, percebem-se indesejáveis, incapazes de serem amadas, sem atrativos, imperfeitas, rejeitadas, abandonadas e sozinhas.
- Desvalor – sentem-se incompetentes, inadequadas, ineficientes, falhas, defeituosas, enganadoras, fracassadas ou sem valor.
De forma generalizada, acreditam que todas as pessoas são ruins e falsas, e a respeito do mundo, acreditam que, sem exceção é injusto ameaçador e perigoso.
Esse jeito peculiar de ser, pensar e de relacionar foi construído a partir das relações com pessoas importantes nas primeiras fases da vida. Surgem devido a traumas ou a necessidades emocionais não satisfeitas adequadamente.
Se você está se perguntando, tem solução para depressão? Respondo que sim, há solução. Em minha prática clínica tenho constatado que é possível tratar e superar este problema, até mesmo os casos mais difíceis.
A depressão é um problema que traz prejuízos de diversas formas. Em níveis não elevados, diminui a capacidade de desempenho, prejudica as relações, tornando-as insatisfatórias. Em níveis elevados, pode causar total incapacitação.
A depressão tem solução. Quando tratada adequadamente, é possível superá-la e retomar a direção da própria vida para que possa ser vivida de forma plena.
Eriberto Lemos
CRP: 04/37251
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